“O segundo grau da humildade consiste em que, não amando a própria vontade, não se deleite o monge em realizar os seus desejos, mas imite nas ações aquela palavra do Senhor: “Não vim fazer a minha vontade, mas a d’Aquele que me enviou”. Do mesmo modo, diz a Escritura: “O prazer traz consigo a pena e a necessidade gera a coroa”.
RSB, Cap. 7, 31-33
“O segundo grau da humildade consiste em que, não amando alguém a própria vontade, não se compraza na satisfação de seus desejos, mas tenha por modelo as palavras do Senhor: “Não vim fazer minha vontade, mas a daquele que me enviou” (Jo. 6, 38). À primeira vista, parece repetir-se aqui algo do que já foi dito. Notamos, porém, visível progresso. No primeiro grau tratava-se até certo ponto da proibição de fazer a própria vontade. Aqui, o monge avança um passo, não quer segui-la, não se compraz nela. Ademais não lhe causa prazer satisfazer a própria vontade. Em toda a sua atuação entrega-se de corpo e alma a cumprir a vontade divina. Vive, exclusivamente, dos pensamentos e da vontade de Cristo, o único que conhecia a vontade do Pai que O tinha enviado. Cada cristão toma parte nesta missão de Cristo, e é da essência do monaquismo pneumático realizar na Igreja e entre os homens a missão que lhe deu o Espírito Santo. Quanto menos o monge conhecer a missão que lhe foi reservada particularmente, tanto mais se apoiará na vontade de Deus. Ele sabe que este caminho é o caminho da cruz. Por isso a citação que lhe é lembrada, não é tirada da Sagrada Escritura, mas de um martirológio onde se diz: “a vontade tem o castigo, a necessidade produz a coroa”.
Dom Ildefonso Herwegen, OSB, Sentido e Espírito da Regra de São Bento, pág. 131-132
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