Devocionário

Ora et Labora

13º Dia – Segunda-feira da 2ª Semana da Quaresma


Os instrumentos das boas obras:

Pôr em prática diariamente os preceitos de Deus.

Amar a castidade. 

Não odiar a ninguém.

Não ter ciúmes.

Não exercer a inveja.

Não amar a rixa.  

Fugir da vanglória.

Venerar os mais velhos.

Amar os mais moços.

Orar, no amor de Cristo, pelos inimigos.

Voltar à paz, antes do pôr-do-sol, com aqueles com quem teve desavença.

E nunca desesperar da misericórdia de Deus.

“Realizar diariamente na prática os mandamentos do Senhor”, e praticá-los com profunda sinceridade. Neste princípio geral que soa como sendo quase a primeira suposição de qualquer virtude, estão resumidas as últimas exigências, feitas ao monge perfeito:

“Amar a castidade,

não odiar a pessoa alguma,

não ter ciúme de pessoa alguma,

não alimentar a inveja,

não amar as disputas,

fugir do orgulho,

venerar os mais velhos,

amar os mais jovens,

rezar pelos inimigos por causa do amor de Cristo (Mt. 5,44),

tratando-se de desavenças fazer as pazes antes do pôr do sol (Ef. 4, 26)

e nunca desesperar da misericórdia de Deus”.

Em toda a Regra, S. Bento só escreveu sobre a castidade as palavras aqui citadas. Há uma grande distância entre o sexto mandamento: “Não cometerás adultério”, colocado logo no início deste capítulo e o lugar aqui citado, o qual não diz: viver castamente, ou praticar a castidade, mas: “amar a castidade”. Neste “instrumentum” aqui mencionado, trata-se talvez do último dos doze frutos do Espírito Santo, o qual exprime o grau supremo de espiritualidade do monaquismo cristão. Pressupõe-se, naturalmente, tudo que se refere à vida casta dos monges, o que desde seus primórdios era considerado coisa evidente. Esta nobreza e transfiguração de todo o homem, não se pode compreender senão partindo do mais sublime princípio da caridade. Por esta razão reza a sentença: “Amar a castidade”. Os frutos do Espírito Santo, que começam com a caridade, elevam-se até a castidade. Com isto, fecha-se o anel dos carismas. Assim como nos sete dons do Espírito Santo, o último, o temor de Deus, é chamado o princípio da sabedoria, assim a castidade pode ser chamada aqui o princípio da caridade, e ao mesmo tempo, sua coroa. A caridade e a castidade são uma só coisa. Assim as sentenças que ainda se seguem não fazem senão descrever a caridade perfeita, a qual nunca odeia, nunca alimenta ciúmes e em suas ações, nunca se deixa levar pela inveja. A verdadeira caridade sabe refreiar todas estas explosões das paixões. As desavenças, por motivos reais, nem sempre podem ser evitadas, pois não dependem só de uma parte; não devemos amá-las, e o ideal será evitá-las. Devemos fugir do orgulho, da exaltação do próprio eu, que mina a humildade e mata a caridade. Na comunidade devemos, por reverência, inclinar-nos diante dos mais velhos, e cuidar dos mais jovens com caridade e solicitude. Sendo a caridade de Cristo o fundamento da nossa, nos dará a força para realizar o preceito do sermão da montanha, isto é, rezar pelos nossos inimigos e perseguidores (Mt. 5, 44). Conforme a palavra de S. Paulo ao Efésios, o sol não se deve pôr sobre nossas discórdias. Finalmente uma palavra de admoestação e consolo, que surpreende, e contudo, vem de um profundo conhecimento da alma: “nunca desesperar da misericórdia de Deus”. Precisamente aquele que se esforça seriamente, que faz grandes sacrifícios, e abandona tudo por amor de Deus, é que corre o perigo de um colapso. Diante de grandes desilusões, de infidelidades padecidas, de falta de compreensão mesmo por parte dos representantes de Deus, está ele sujeito a perder as esperanças. Tal crise pode sobrevir em meio dos trabalhos da profissão e sacrifícios em prol da comunidade. Pode aparecer também ante a perspectiva da morte. Nunca, porém, se deve transformar em catástrofe: “Quem em Deus confia, será protegido por sua misericórdia” (Sl 31, 10). Penetrando Deus todos os movimentos da alma, percebe em nós ainda algo de bom, mesmo quando já não o percebemos. Ele é caridade (1 Jo. 4, 16). Assim a doutrina de S. Bento sobre as virtudes começa com o amor de Deus, como sendo o primeiro mandamento fundamental, e termina com a misericórdia divina como um refúgio.

Dom Ildefonso Herwegen, OSB

Comments

2 respostas para “13º Dia – Segunda-feira da 2ª Semana da Quaresma”

  1. Perfeito!
    Excelente !

  2. Avatar de Maria Aparecida Barcelos Pereira
    Maria Aparecida Barcelos Pereira

    A mais pura verdade!! Isto é perfeito. 🙏🙏🙏

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