Devocionário

Ora et Labora

9º Dia – Cátedra de São Pedro


Os instrumentos das boas obras:

Não satisfazer a ira. 

Não reservar tempo para a cólera.

Não conservar a falsidade no coração.

Não conceder paz simulada.

Não se afastar da caridade.  

Não jurar para não vir a perjurar.

 Proferir a verdade de coração e de boca. 

Não retribuir o mal com o mal. 

Não fazer injustiça, mas suportar pacientemente as que lhe são feitas.

Amar os inimigos. 

Não retribuir com maldição aos que o amaldiçoam, mas antes abençoá-los.

Suportar perseguição pela justiça. 

Não ser soberbo.

Aqui já se inicia a “conversatio” propriamente monástica, propondo-se primeiro e de modo fundamental, a segura organização da vida interior:

“Não satisfazer a ira,

não dar tempo à cólera,

não guardar dolo no coração,

não oferecer paz simulada,

não se afastar da caridade,

não jurar para não ser eventualmente perjuro,

dizer a verdade de coração e de boca”.

Como a última sentença acentua em resumo, tem todo este parágrafo por fim regular a atitude interior contra qualquer espécie de mentira, contendo ao mesmo tempo a instrução prática para uma disposição honesta determinada pela fé.

A ira pode ser nobre, de acordo com o motivo e a finalidade. Por esta razão não se exclui simplesmente sua presença ou sua explosão repentina. Como, porém, ela é quase sempre alimentada pelo amor próprio, deve ser submetida inteiramente ao domínio do espírito. Não se lhe deve deixar tempo para explosões desenfreadas e violentas. A intenção de enganar, a paz simulada, o recusar a caridade, as afirmações falsas e até juramentadas, tudo isso dá testemunho de falsidade e sutileza interior, de um modo errado de pensar e de julgar. Como um freio a tudo isso, deve-se dar valor à sentença final: “Dizer a verdade de coração e de boca”.

Ao pensar segue-se o querer:

“Não retribuir mal com mal (1 Pd 3, 9),

“Não cometer injustiça, mas suportar com paciência a recebida,

amar os inimigos (Lc 6, 27),

aos que nos desprezam não responder com desprezo,

mas, ao contrário, abençoá-los (1 Pd 3, 9),

sofrer perseguições por amor da justiça (Mt 5, 10),

não ser orgulhoso”.

A orientação falsa da vontade há de ser interiormente corrigida e encaminhada para o bem. Todas as faltas de caridade devem ser contrabalançadas por uma caridade pronta ao sacrifício e até mesmo acompanhada de sofrimento. O prazer da vingança e o da desforra de ofensas recebidas, tem de ser excluído. Mesmo a injustiça devemos suportá-la pacientemente. Segundo a palavra do Senhor (Mt 5, 44) temos de aturar os inimigos caridosamente, respondendo às suas maldições com bênção e sua perseguição será sofrida por amor dos justos interesses de Deus. O orgulho, raiz de todos os pecados (Eclo 10, 15), é a causa de nosso fracasso diante de toda uma série de exigências que, à semelhança de subida, são apresentadas à nossa absoluta sinceridade (24-30) e à atitude cristã de nossa vontade (31-38), por amor de Cristo. É, pois, com razão que S. Bento encerra todo este parágrafo que trata da modificação interior de nosso pensar e querer, numa palavra: “não ser soberbo”.

Dom Ildefonso Herwegen, OSB

Comments

Uma resposta para “9º Dia – Cátedra de São Pedro”

  1. Avatar de Maria Aparecida Barcelos Pereira
    Maria Aparecida Barcelos Pereira

    Senhor!!Ajude A ser melhor a cada dia mais. 🙏

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